Significado de Hebreus 10

Hebreus 10

Hebreus 10 continua a exploração do sacrifício superior de Cristo e as implicações da Nova Aliança. O capítulo enfatiza a finalidade e suficiência do sacrifício de Jesus em contraste com a natureza temporária dos sacrifícios da Antiga Aliança. Também chama os crentes a perseverar na fé e na confiança, destacando a importância de se aproximar de Deus por meio de Cristo.

O capítulo começa afirmando que os sacrifícios da lei eram uma sombra das coisas boas que viriam, não a realidade última. O autor explica que a repetição de sacrifícios era uma lembrança dos pecados, e não um meio de verdadeiro perdão.

O autor contrasta a ineficácia dos sacrifícios da Antiga Aliança com a finalidade e eficácia do sacrifício de Cristo. Ele destaca que Jesus se ofereceu uma vez por todas, proporcionando redenção eterna e aperfeiçoando aqueles que são santificados por meio dele.

O capítulo aborda o significado do sacrifício de Cristo em termos de consciência. Ao contrário da Antiga Aliança, o sacrifício de Cristo limpa totalmente a consciência dos crentes, removendo a culpa do pecado. Isso permite que os crentes se aproximem de Deus com confiança e sem medo de condenação.

O autor exorta os crentes a se apegarem à sua confissão de fé sem vacilar, sabendo que Deus é fiel às Suas promessas. Ele encoraja a exortação mútua e a importância de se reunir como uma comunidade de crentes.

O capítulo conclui enfatizando as consequências de pecar deliberadamente depois de receber o conhecimento da verdade. O autor destaca o severo julgamento que aguarda aqueles que pisoteiam o Filho de Deus e tratam Seu sacrifício como insignificante.

Em termos gerais, Hebreus 10 enfatiza a superioridade e finalidade do sacrifício de Cristo sobre os sacrifícios da Antiga Aliança. Enfatiza o poder purificador do sacrifício de Cristo na consciência dos crentes, capacitando-os a se aproximarem de Deus com confiança. O capítulo chama os crentes a perseverar na fé, na exortação mútua e na reunião. Adverte contra o pecado deliberado depois de receber o conhecimento da verdade, enfatizando a seriedade de desconsiderar o significado do sacrifício de Cristo.

Comentário de Hebreus 10

Hebreus 10:1-4 E não a imagem exata das coisas significa não a sua representação exata. Aperfeiçoar quer dizer remover o sentimento de pecado (v. 2; 8.12; 9.9). Os sacrifícios do concerto mosaico prefiguram o sacrifício final de Cristo. Eles não podiam purificar por completo os pecadores que os ofereciam; do contrário, já teriam deixado de se oferecer. Em vez de expiar de forma completa os pecados do povo, o sacrifício anual no Dia da Expiação era mais, na verdade, um lembrete visível dos pecados de todos.

Hebreus 10:5-7 Então. Dada a inadequação dos sacrifícios animais, chega-se a uma conclusão. Está escrito de mim. O autor apresenta o Salmo 40 como um cântico messiânico, já que tão somente Cristo, e não Davi, poderia vir a cumprir as profecias do livro, ou seja, das Escrituras. Para fazer, ó Deus, a tua vontade. Profetas no Antigo Testamento advertiram os israelitas de que sacrifícios somente não agradariam a Deus. Ele desejava obediência (Sl 51.16, 17; Is 1.13-17; Mc 12.33). Esse salmo messiânico revela que a extrema obediência de Jesus ao Pai foi também uma das razões pelas quais Seu sacrifício foi melhor do que os sacrifícios do Antigo Testamento.

Hebreus 10:8, 9 O autor explica o Salmo 40, concluindo que Deus tira o primeiro, significando o sistema sacrificial levítico, para estabelecer o segundo, ou seja, o sacrifício obediente do Filho. O verbo traduzido por “tirar” significa abolir. Os sacrifícios imperfeitos foram abolidos, para que o sacrifício perfeito pudesse conceder vida verdadeira.

Hebreus 10:10 “Santificados” significa literalmente “separados” [para Deus]. Pelo sacrifício definitivo de Cristo, os crentes foram afastados de seus pecados e separados para Deus.

Hebreus 10:11, 12 O autor de Hebreus contrasta os sacerdotes levíticos com Jesus, nosso Sumo Sacerdote. Os sacerdotes levíticos sempre ficavam de pé diante de Deus. Não havia assentos no santuário, porque o serviço dos sacerdotes nunca terminava. Havia sempre pecados para serem expiados. Por sua vez, Cristo se assentou à destra do Pai (Hb 1.3; 8.1) depois de haver oferecido a si mesmo como sacrifício. Isso indica que Seu trabalho de expiação terminara. Suas palavras finais na cruz, está consumado (Jo 19.30), declaram essa realidade espiritual.

Hebreus 10:13 O ato de redenção de Cristo está consumado, e tudo o que Ele tem a fazer é esperar até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés.

Hebreus 10:14 O ato de Cristo ao morrer pelo pecado (v. 10) aperfeiçoou (v. 1) para sempre os que são santificados, isto é, aqueles que foram separados para Deus (v. 10). Observe que a santificação citada no versículo 10 é posicionai; refere-se à nossa justificação, ao fato de que fomos declarados justos. No versículo 14, porém, santificação se refere ao processo gradual pelo qual os cristãos se tornam cada vez mais perfeitos.

Hebreus 10:15-18 Uma vez que foi alcançado perdão completo e final, Deus não se lembra mais do pecado (v. 17), e nenhum outro sacrifício se faz necessário. Jamais me lembrarei de seus pecados não significa propriamente esquecer, mas sim não manter mais o pecado voltado contra nós.

Hebreus 10:19-25 Nestes versículos, o autor de Hebreus demonstra a relação entre fé, esperança e amor. A fé em Deus leva o crente a depositar sua esperança nas promessas dele. O restabelecimento de um relacionamento apropriado com Deus motiva o crente a restabelecer seu bom relacionamento com as outras pessoas. O amor por Deus é demonstrado em amor pelo próximo. O autor exorta seus leitores a terem fé, esperança e amor, por meio de três conclamações: cheguemo-nos (v. 22); retenhamos firmes (v. 23); consideremo-nos (v. 24).

Hebreus 10:19 “Pois” lembra o pois em Hebreus 4.16. O autor usou cinco capítulos para explicar a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao sacerdócio levítico, e a do novo concerto em relação ao antigo. Diferente dos israelitas, que temeram aproximar-se de Deus no monte Sinai (Êx 20.18-21), nós podemos aproximar-nos do Senhor até com ousadia, com total confiança (Hb 3.6; 4.16; 10:35), pois a justiça que possuímos é de Cristo, não nossa. Santuário se refere à presença de Deus. A maioria de nós provavelmente não tem acesso imediato aos governantes de nossa nação ou comunidade. No entanto, mediante o sangue de Cristo, temos, acesso imediato e perpétuo ao próprio Deus!

Hebreus 10:20 O sacerdote do Antigo Testamento tinha de passar por um véu divisório, no tabernáculo, para ingressar no Santo dos Santos. Já o crente entra na presença de Deus por intermédio da carne de Cristo, ou seja, de Sua morte sacrificial.

Hebreus 10:21 Os cristãos têm um grande sacerdote que, tendo sido tentado, pode compadecer-se da fraqueza deles e representá-los perfeitamente diante de Deus (Hb 4.14, 15).

Hebreus 10:22 “Cheguemo-nos” é a mesma palavra usada em Hebreus 4-16. “Inteira certeza” significa segurança (Hb 6.11). Os corações purificados [...] o corpo lavado. Nossa consciência pode ser purificada pelo sangue de Cristo (Hb 9.14). Assim como o sumo sacerdote se purificava antes de entrar no Santo dos Santos (Lv 16.3, 4), também são os crentes purificados antes de chegar à presença de Deus.

Hebreus 10:23 A confissão da nossa esperança é o testemunho da expectativa confiante do crente em relação ao seu futuro. Prometeu, aqui, pode referir-se à promessa de Deus de entrarmos em Seu repouso (Hb 4-1).

Hebreus 10:24, 25 “Considerar” significa, no caso, ter em boa conta, ser compreensivo para com, olhar sob uma perspectiva favorável.

Observe que caridade e boas obras precisam ser estimuladas, pois não acontecem por acaso. A palavra grega traduzida por “estimular” em português significa mais paroxismo, convulsão. Neste contexto, fala do tremendo impacto benéfico que os cristãos podem causar uns aos outros. Eis por que o autor exorta os hebreus a congregar e a manter-se unidos. E provável que alguns cristãos deixassem de comparecer às reuniões da Igreja por talvez temerem perseguições. O autor não usa a palavra usual para igreja em grego, porque pode ser que o termo já tivesse passado a significar o corpo espiritual e invisível de crentes. Em vez disso, usa uma forma composta da palavra “sinagoga” para significar especificamente o local de reunião dos cristãos (SI 40.9, 10; 42.4). A congregação local é onde a mensagem do evangelho é pregada e a Palavra de Deus é aplicada às circunstâncias de nossa vida.

“Aproximando” poderia ser traduzido também por chegando (Rm 13.12; Fp 4.5; Tg5.8; 1 Pe 4-7; Ap 1.3). Por saberem que a volta de Cristo pode ser iminente, os cristãos têm de encorajar cada vez mais uns aos outros para que permaneçam todos fiéis a Ele (Hb 3.13).

Hebreus 10:26-39 As advertências encontradas nestes versículos se assemelham às de Hebreus 6. O que há de adicional em Hebreus 10 é a declaração sobre pecado intencional e linguagem dura usada em relação ao julgamento do transgressor. Há comentaristas que chegam a considerar os versículos 26 a 39 como direcionados diretamente aos não regenerados; na verdade, porém, são endereçados aos cristãos. A palavra “porque” mostra que a passagem completa e explica a anterior, que é uma exortação aos cristãos (v. 19-25).

O verbo flexionado na primeira pessoa do plural (nós) indica que o autor se inclui, tolerantemente, entre aqueles passíveis de receber a advertência. Quanto à frase depois de termos recebido o conhecimento da verdade, pode-se argumentar que a palavra grega para “conhecimento” aqui empregada significa “conhecimento pessoal experimental”. Além disso, conforme se admite, os cristãos aos quais se dirige a passagem são santificados pelo sangue de Cristo (v. 29), são chamados povo de Deus (v. 30) e sofreram por causa de Cristo (v. 32, 34). Do que precisam, enfim, é de paciência (v. 36).

Hebreus 10:26 Se pecarmos voluntariamente. A referência aqui não é a um ato ocasional de pecado (que pode ser confessado e perdoado 1 Jo 1.8, 9), mas a uma rejeição consciente de Deus. O Antigo Testamento fala, em Números 15.30, 31, sobre cometer pecado deliberadamente. Uma pessoa que pecasse de forma arrogante seria extirpada do meio do povo.

Neste versículo, sobre a centralidade da congregação para o fortalecimento e amadurecimento dos santos, o pecado voluntário depois de termos recebido o conhecimento da verdade é considerado rejeição desse conhecimento e querer seguir seu próprio caminho individualista, esquivo e egoísta. Não é do plano de Deus promover o isolamento, mas sim a ligação dos cristãos uns com os outros.

Se o cristão se rebela contra a provisão de Deus, já não resta mais sacrifício pelos pecados. Não existe sacrifício disponível, portanto, para o pecado da arrogância (Nm 15.29-31). Tal ato é desprezo pela Palavra do Senhor.

Hebreus 10:27 Sem esperança de perdão (v. 26), tudo o que se pode esperar é o juízo, para o qual, é dito aqui, há uma expectação horrível. Acredita-se que essa seja uma referência ao inferno. Mas o fogo é mencionado nas Escrituras para outras coisas. O fogo aqui pode ser o juízo temporal ou o tribunal de Cristo, semelhante ao Antigo Testamento, em que a ira de Yahweh contra Seu povo que havia pecado é descrita pela metáfora do fogo (Is 9.18, 19; 10:17). Aqueles que escolhem desobedecer a Deus se tornam Seus adversários (Tg 4.4).

Hebreus 10:28, 29 O pecado específico do Antigo Testamento que requeria duas ou três testemunhas era a idolatria (Dt 17.2-7). O castigo previsto era a morte por apedrejamento. Uma vez que a idolatria era punida com a morte física, quanto maior punição deve receber alguém que trate a palavra de Cristo com desrespeito e desdém! Tiver por profano o sangue do testamento significa tratar o sangue de Cristo sem diferençá-lo do sangue de um homem comum ou mesmo do sangue do sacrifício de um animal.

Fizer agravo ao Espírito da graça é uma referência ao Espírito Santo, Agente do gracioso dom de salvação de Deus. Quem comete essas ofensas está sujeito a ser sentenciado com punição pior do que morte física. Não é propriamente uma referência à morte espiritual ou ao inferno. Existem formas de juízo temporal de Deus piores do que a morte física algumas até que fazem da morte física um alívio bem recebido (Lm 4.6, 9; compare com 2 Cr 26.21).

Hebreus 10:30, 31 O autor cita duas passagens de Deuteronômio 32 para sustentar que o juízo pertence ao Senhor e que o povo de Deus não está livre desse julgamento. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo, porque não existe mais qualquer outro sacrifício pelo pecado além do sacrifício já feito por Cristo na cruz (v. 26), apenas uma expectação horrível de juízo (v. 27). Todo pecado não expiado pelo sangue de Cristo resultará em grande expiado para quem o tiver cometido, no tribunal de Cristo (1 Co 3.15; 2 Co 5.10).

Hebreus 10:32-12.17 Aqueles que têm uma vida de fé em Deus estão sempre sujeitos a sofrer. Entre esses sofredores, estão desde os leitores aos quais se dirige Hebreus (Hb 10:32-39) até os fiéis do Antigo Testamento (Hb 11.1-40) e, mais do que ninguém, o próprio Jesus (Hb 12.1-4). Deus usa o sofrimento para fortalecer Seus verdadeiros filhos (Hb 12.5-11). Sejamos, então, corajosos (Hb 12.12-17).

Hebreus 10:32, 33 Para encorajar seus leitores, o autor insiste em que se lembrassem de sua própria perseverança dos dias passados, ocorrida logo após terem sido iluminados, Elesh (Hb 6.9-12). Haviam perseverado mesmo sendo ridicularizados por causa de sua fé.

Hebreus 10:34 As pessoas para quem Hebreus foi escrito haviam mostrado compaixão pelos que estavam nas prisões, e com gozo souberam passar por dificuldades econômicas.

Hebreus 10:35, 36 Rejeitar a confiança é perder a convicção no valor do compromisso cristão. Para os destinatários de Hebreus, retornar à suposta segurança do judaísmo significaria a perda de um grande e avultado galardão eterno no tribunal de Cristo.

Hebreus 10:37, 38 Estes versículos concentram sua atenção no enfrentamento do julgamento pessoal, ante a iminente volta do Senhor, e na necessidade de o justo viver pela fé (Hb 3.12, 13).

Hebreus 10:39 Aqueles que se retiram estão em perigo de destruição. O escritor tem confiança de que ele e seus leitores creem para a conservação da alma. Aqueles que vivem pela fé (v. 38) investem sua vida para receber dividendos eternos.

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