Interpretações sobre o Dilúvio

Interpretações sobre o Dilúvio


Interpretações sobre o DilúvioAs interpretações acerca do relato de Gênesis sobre o Dilúvio são categorizadas como: 1) universal ou 2) não universal (limitada, local, regional), dependendo se é considerado que todas as montanhas altas do mundo foram cobertas pela água ao mesmo tempo.

Wright (ISBEII, p. 824) faz uma pergunta: “O dilúvio foi universal?” Ramm (RCVSS, pp. 236, 238) nota que a Igreja em geral sustenta a crença no dilúvio universal e muitos cristãos também, mas a maioria “da erudição conservadora recente da igreja defende um dilúvio local”. Os argumentos geralmente apresentados na defesa de um dilúvio universal são:

1. A linguagem de Gênesis 6-9 é universal — as águas predominaram tão poderosamente sobre a terra que todas as altas montanhas debaixo de todo céu foram cobertas; as águas predominaram acima das montanhas, cobrindo-as quinze côvados acima. E toda carne morreu... tudo sobre a terra seca em cujas narinas estava o fôlego da vida morreu... somente Noé foi deixado e aqueles com ele na arca.

2. A universalidade das lendas do dilúvio entre todos os povos, é atribuída à descendência de todas as raças de Noé.

3. A distribuição mundial dos depósitos diluvianos.

4. A morte inesperada de muitos mamutes laníveros congelados no gelo do Alasca e da Sibéria; um clima mais ameno suposto para sustentar a flora necessária para comida, em contraste com as condições de frio intenso que prevaleciam agora; e a observação registrada de que esses animais morreram por asfixiamento ou afogamento e não por congelamento.

5. O assim chamado esgotamento das espécies pretendida pelos “geólogos do dilúvio”. Eles argumentam que existem relativamente poucas espécies hoje, comparadas ao número evidenciado na camada rochosa e atribuída ao dilúvio.

Aqueles que consideram que o Dilúvio foi menos que universal, fazem isso por causa dos aparentemente insuperáveis problemas físicos envolvidos, a saber:

1. A quantidade de água necessária para cobrir o Monte Everest seria cerca de oito vezes mais a da terra atualmente, e não há fonte conhecida para tal volume de água, e não há jeito de livrar-se da água depois.

2. A distribuição única de animais, por exemplo, o canguru na Austrália, na Tasmânia e Nova Guiné (Cangurus pequenos) e o problema de trazê-los para a Mesopotâmia e levá-los de volta sem povoar outras partes do mundo.

3. As práticas logísticas de alojamento de tantas espécies de mamíferos (4500), pássaros (8650) e outras formas de vida terrestre em três pavimentos da arca de aproximadamente um acre no andar térreo (3 no total), cuidando deles por um ano.

Uma vez que a Escritura registra o Dilúvio como uma ocorrência natural-sobrenatural e não como um puro e gigantesco milagre múltiplo, eles argumentam, é apenas lógico assumir que os problemas práticos apresentados por um dilúvio universal indicam que tal interpretação está incorreta e não foi pretendida pelo relato inspirado. De fato, outras referências da Escritura em expressões universais de linguagem, obviamente não significam universal em um sentido absoluto (veja discussão posterior).

Várias interpretações não universais do dilúvio têm sido sugeridas:

1. Que todas as montanhas mais altas não foram cobertas pela água, mas talvez por neve ou gelo, ou simplesmente não foram intencionalmente incluídas.

2. Que o Dilúvio foi universal apenas com respeito à humanidade — a) que a inundação cobriu as planícies mundiais e que a habitação da humanidade estava limitada a essas planícies, ou b) que a inundação foi limitada à área da Mesopotâmia como era a distribuição da humanidade.

3. Que todo o registro deve ser interpretado fenomenalmente; isto é, se o Dilúvio foi local, embora falado em termos universais, então a destruição do homem também foi local, embora falada em termos universais. Essas interpretações envolvem muitas suposições e cada uma deve ser vista somente como teorias de interpretação. Os fatores envolvidos nas interpretações acima serão discutidos na próxima seção.


FONTE: Enciclopédia da Bíblia da Cultura Cristã vol. 2 p. 174.