Estudo sobre Mateus 16:1-27

Mateus 16

A hostilidade, assim como a necessidade, faz com que as pessoas mais estranhas se unam. É um fenômeno fora do comum encontrar uma união de saduceus e fariseus. Eles sustentavam crenças e políticas diametralmente opostas. Os fariseus viviam segundo as minúcias e os detalhes da lei oral e a dos escribas. Os saduceus rechaçavam imediatamente tal lei, e só aceitavam a palavra escrita da Bíblia como sua norma de vida.

Os fariseus acreditavam em anjos e na ressurreição da carne e os saduceus não. Paulo fez uso desta oposição quando enfrentou o julgamento do Sinédrio (Atos 23:6-10). E – o que neste caso é o mais importante – os fariseus não eram um partido político. Estavam dispostos a viver sob qualquer governo que lhes permitisse observar seus princípios religiosos. Os saduceus eram a pequena aristocracia enriquecida, o partido colaboracionista e estavam muito dispostos a servir e ajudar ao governo romano a fim de manter sua riqueza e privilégios. Além disso, os fariseus esperavam e desejavam a chegada do Messias, os saduceus não. Teria sido impossível encontrar duas seitas e partidos mais diferentes; e entretanto, uniram-se em seu malvado desejo de eliminar a Jesus. Todo engano tem uma coisa em comum: é hostil a Cristo.

O que fariseus e saduceus exigiam era um sinal. Como já vimos, os judeus tinham o costume de esperar que um profeta ou líder legitimasse sua mensagem mediante algum sinal extraordinário (Mateus 12:34-40). A resposta de Jesus é que o sinal está aí, pode ser visto. Os judeus conheciam muito bem os fenômenos climáticos. Sabiam que o céu vermelho ao entardecer anunciava bom tempo; e que um céu vermelho pela manhã indicava que se aproximava uma tormenta. Mas eram cegos aos sinais dos tempos.

De maneira que Jesus lhes disse que o único sinal que receberiam seria o sinal de Jonas. Já vimos o que era o sinal de Jonas (Mateus 12:38-40). Jonas foi o profeta que converteu o povo do Nínive e que o desviou de seus maus costumes para Deus. O sinal que fez com que o povo de Nínive se voltasse para com Deus não foi o fato de que um monstro marinheiro tragasse a Jonas. Não sabiam nada sobre isso, e Jonas jamais o usou como isca de peixe. O sinal de Jonas foi o próprio Jonas e sua mensagem de Deus. Foi o surgimento do profeta e a mensagem que trazia o que mudou a vida do povo de Nínive.

Assim, o que diz Jesus é que o sinal de Deus é o próprio Jesus e sua mensagem. É como se lhes dissesse: "Em Mim vocês se confrontam com Deus e com a verdade de Deus. Que mais podem necessitar? Mas são tão cegos que não podem vê-lo." Aqui há um verdade e uma advertência. Jesus Cristo é a última palavra de Deus. A revelação de Deus não pode ir além de Jesus Cristo. Aqui está Deus de maneira evidente, para que todos o vejamos. Aqui está a mensagem de Deus, bem clara, para que todos a escutemos. Aqui está o sinal de Deus para os homens. A verdade que também é uma advertência é que se Jesus não pode chegar aos homens, não há nada que possa obtê-lo. Se Jesus não pode convencer os homens, ninguém pode fazê-lo. Se os homens não podem ver a Deus em Jesus, não podem vê-lo em nada nem em ninguém. Quando nos confrontamos com Jesus Cristo, encontramo-nos frente à última palavra de Deus, e frente a seu último chamado. E sendo assim, o que pode esperar o homem que rechaça essa última oportunidade, que chega a ouvir essa última palavra, que não aceita esse último chamado?

Estudo sobre Mateus 16:5-12

Aqui nos encontramos com uma passagem muito difícil. De fato, podemos afirmar que só podemos conjeturar seu significado. Jesus e seus discípulos tinham empreendido a viagem para a outra margem do lago e os discípulos tinham esquecido de levar pão. Por alguma razão, sentiam-se muito preocupados e molestos por seu descuido. Jesus lhes disse: "Olhem, guardem-se da levedura dos fariseus e dos saduceus." Ora, a palavra levedura tem dois sentidos. Tem um sentido físico e literal. A levedura era uma pequena parte de massa fermentada, e sem levedura nos ingredientes não se podia cozinhar o pão. Esse foi o sentido em que os discípulos compreenderam a Jesus quando este falou de levedura. Tendo seus pensamentos concentrados no pão que tinham esquecido, só podiam imaginar que Jesus os advertia contra certo tipo de levedura perigosa.

É bem possível que pensassem o seguinte: esqueceram-se de trazer pão, isso significava que se queriam obter pão deviam comprá-lo dos gentios do outro lado do lago. Ora, nenhum judeu que fosse estritamente ortodoxo podia comer pão que tinha sido cozinhado, tocado ou amassado por um gentio. De maneira que o problema de obter pão do outro lado do lago era algo insolúvel. Os discípulos se esqueceram de levar pão, e podem ter pensado que Jesus dizia: "Vocês esqueceram o pão que é puro porque é judeu, cuidem-se de não se sujarem quando chegarem ao outro lado do lago ao comprar pão que contém levedura impura."

Seja como for, os discípulos só pensavam no pão. De maneira que Jesus lhes pediu que lembrassem. "Lembrem-se", disse-lhes Jesus, "da alimentação dos cinco mil, e dos quatro mil; e lembrem quanto houve para comer e tudo o que sobrou. E quando vocês relembrarem estas coisas, sem dúvida deixarão de se preocuparem e se alterarem por insignificâncias. Vocês já viram que, estando Eu presente, essas insignificâncias se solucionaram, e se podem voltar a solucionar. Não se preocupem mais e tenham confiança em mim."

Expressou-o de maneira tão clara que os discípulos não puderam deixar de entender. Então Jesus repetiu sua advertência: "Cuidem-se da levedura dos fariseus e saduceus!" Agora, levedura tem outro sentido que não é físico e literal, mas metafórico. Levedura era a expressão metafórica que empregavam os judeus para referir-se a uma má influência. Para a mentalidade judia, a levedura sempre simbolizava o mal. Fermentava a massa. O judeu identificava fermentação com putrefação: a levedura representava tudo o que é mau, corrupto, podre. A levedura tem o poder de penetrar qualquer parte de massa em que for posta. De maneira que a levedura simbolizava uma má influência capaz de penetrar na vida e corrompê-la. Agora os discípulos compreenderam. Deram-se conta de que Jesus não se referia ao pão, mas sim lhes formulava uma advertência contra a má influência do ensino e as crenças dos fariseus e saduceus.

Qual seria essa má influência? No que Jesus poderia estar pensando ao falar contra a má influência do ensino dos fariseus e saduceus? Isso é algo sobre o qual só podemos fazer conjeturas; mas conhecemos as características da mentalidade dos fariseus e saduceus.

(1) Os fariseus viam a religião em termos de leis, mandamentos, normas e regras. Viam a religião em termos de ritual externo e pureza exterior. De maneira que Jesus diz: "Cuidem-se de converter sua religião em uma série de 'não deves' como faziam os fariseus. Cuidem-se de identificar a religião com uma série de ações externas e esquecer que o que importa é o estado do coração do homem." Esta é uma advertência contra o viver no legalismo e denominá-lo religião. É uma advertência contra uma religião de coisas exteriores. Para expressá-lo em termos modernos é uma advertência contra uma religião de respeitabilidade exterior, que se interessa pelas ações externas da pessoa e esquece o estado de seu coração.

(2) Os saduceus tinham duas características, intimamente relacionadas entre si. Eram ricos e aristocráticos, e estavam muito comprometidos com política. De maneira que o que Jesus dizia podia ser o seguinte: "Cuidem-se para jamais identificar o reino do céu com bens externos e de fixar suas esperanças em convertê-lo em uma atividade política." Esta pode ser uma advertência contra a tendência a dar muita importância às coisas materiais em nossa escala de valores e contra o fato de pensar que se pode reformar os homens por meia da ação política. Pode ser que Jesus estivesse relembrando aos homens que a prosperidade material não é, por certo, o bem supremo. As verdadeiras bênçãos são as do coração e a mudança autêntica não é o das circunstâncias externas, mas a mudança que se produz no coração dos homens.

Estudo sobre Mateus 16:13-16

Aqui temos o relato de outro dos retiros de Jesus. Aproximava-se o fim e necessitava todo o tempo que pudesse para estar a sós com seus discípulos. Tinha tantas coisas a lhes dizer e tantas coisas a lhes ensinar, embora houvesse muitas coisas que eles não podiam tolerar nem compreender. Com esse fim se retirou aos distritos da Cesareia de Filipe. Cesareia de Filipe se encontra a uns quarenta e seis quilômetros ao nordeste do mar da Galileia. Estava fora do território pertencente o Herodes Antipas, governador da Galileia, e dentro da região pertencente o Felipe o tetrarca. A maior parte da população não era judia e ali Jesus estaria tranqüilo e poderia ensinar aos Doze.

Enfrentar a Jesus neste momento era um problema muito delicado. Seu tempo era breve, seus dias na carne estavam contados. O problema era: Havia alguém que podia entendê-lo? Havia alguém que o tinha reconhecido pelo que era e por quem era? Havia alguém que, uma vez que ele se fosse da carne, continuaria sua obra e trabalharia para seu Reino? Não cabe a menor dúvida de que se tratava de um problema crucial. Para expressá-lo com toda crueldade, afetava a própria sobrevivência da fé cristã. Se não havia ninguém que tivesse compreendido a verdade, ou ao menos a tivesse vislumbrado, todo seu trabalho desapareceria; se havia alguns, embora fossem poucos, que tivessem entendido a verdade, sua obra estava a salvo. De maneira que Jesus se propôs a pôr tudo isto à prova e perguntar a seus seguidores quem eles criam que Ele era.

O lugar onde Jesus fez a pergunta reveste-se de um profundo interesse. Pode haver poucos lugares que suscitassem mais associações religiosas que Cesareia de Filipe.

(1) O território estava coberto de templos do antigo culto ao Baal sírio. Em The Land and the Book, Thomson menciona não menos de quatorze desses templos nas proximidades. Tratava-se de um território cujo próprio ar e atmosfera exalavam o fôlego da antiga religião. Era um lugar à sombra dos deuses da antiguidade.

(2) Os deuses sírios não eram os únicos venerados no lugar. Perto de Cesareia de Filipe se erguia uma grande colina, e nela havia uma caverna profunda. Dizia-se que nessa caverna tinha nascido Pão, o grande deus da natureza. Cesareia de Filipe estava tão identificada com esse deus que seu nome original era Panias, e, até o momento atual recebe o nome do Banias. As lendas dos deuses gregos se reuniam ao redor de Cesareia de Filipe.

(3) Além disso, afirmava-se que nessa caverna era onde surgiam as fontes do Jordão. Josefo escreve: "Trata-se de uma cova muito espaçosa na montanha debaixo da qual há uma grande cavidade na terra. A caverna é abrupta e prodigiosamente profunda e cheia de águas tranquilas. Por cima se eleva uma montanha muito alta e por baixo da caverna brotam as fontes do rio Jordão." A mera ideia de que este fosse o lugar de onde surgia o rio Jordão o acalmaria de toda a história e a lembrança de todo o passado judeu, qualquer judeu devoto e piedoso respiraria ali o ar da antiga fé do judaísmo.

(4) Mas havia algo mais. Em Cesareia de Filipe havia um grande templo de mármore branco construído à divindade de César. Foi construído por Herodes o Grande. Josefo diz: "Herodes adornou mais ainda o lugar, que já era muito notável, com a construção deste templo, que dedico a César." Em outra passagem Josefo descreve a caverna e o templo: "E quando César entregou a Herodes outra região mais, também construiu nela um templo de mármore branco, junto às fontes do Jordão. O lugar se chama Panio, onde se encontra o topo de uma montanha imensa e junto a ela, abaixo ou a seus pés, abre-se uma caverna. Dentro dela há um precipício espantoso que desce de maneira abrupta a uma profundidade imensa. Contém uma enorme quantidade de água que está parada, e quando alguém faz baixar algo para medir a profundidade, não há corda que alcance."

Assim, pois, Herodes construiu o templo à divindade de César. Mais adiante, Felipe, o filho de Herodes, embelezou e enriqueceu o templo mais ainda e mudou o nome de Panias por Cesareia – a cidade de César – e acrescentou seu próprio nome – Filipo que significa de Felipe – para diferenciá-la da cidade da Cesareia que estava sobre as costas do Mediterrâneo. Mais tarde Herodes Agripa chamaria Neronea ao lugar, em honra do imperador Nero. Ninguém podia olhar à Cesareia de Filipe, embora à distância, sem ver esse montão de mármore brilhante e sem pensar no poderio e a divindade de Roma.

De maneira que nos encontramos ante uma imagem dramática. Vemos um carpinteiro da Galileia, sem um centavo, sem lar, com doze homens muito simples a seu lado. Nesse momento a elite ortodoxa de sua época está elaborando um plano mediante o qual pensa eliminá-lo e destruí-lo como um herege perigoso. Encontra-se em uma região cheia de templos dos deuses sírios; em um lugar que contemplavam os deuses gregos; em um lugar onde a história do Israel enchia as mentes dos homens, onde o esplendor de mármore branco da casa em que se rendia culto a César dominava a paisagem e obrigava à vista a posar-se nele. E ali – entre todos os lugares possíveis – se ergue este surpreendente carpinteiro e pergunta aos homens quem acreditam que Ele é, e espera a resposta: o Filho de Deus. É como se Jesus se levantasse a propósito contra o pano de fundo das religiões do mundo em toda sua história e seu esplendor e exigisse que o comparassem com elas e que se decidissem em favor dEle. Há poucas cenas em que a consciência de sua própria divindade brilha com uma luz mais maravilhosa em Jesus.

Assim, pois, em Cesareia de Filipe Jesus planejou exigir uma decisão de seus discípulos. Antes de partir para Jerusalém e para a cruz deve saber se algum deles vislumbrou embora de maneira remota quem e o que Ele é. Não formulou a pergunta em forma direta, conduziu-os para ela. Começou perguntando o que diziam as pessoas sobre Ele, e quem acreditavam que era.

Alguns diziam que era João Batista. Herodes Antipas não era o único que sentia que João Batista era uma figura de tanta importância que podia ser que tivesse ressuscitado dentre os mortos. Outros diziam que era Elias. Ao fazê-lo afirmavam duas coisas sobre Jesus. Diziam que era tão grande como o maior dos profetas, porque sempre se considerou Elias como a cúspide, o topo e o príncipe da linha profética. Também diziam que Jesus era o precursor do Messias. Como Malaquias expressou, a promessa de Deus era: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR” (Malaquias 4:5). Até o dia de hoje os judeus esperam a vinda de Elias antes da chegada do Messias, e até o dia de hoje deixam uma cadeira vazia para Elias quando celebram a Páscoa, porque quando chegar Elias, o Messias não demorará. De maneira que o povo via Jesus como o arauto do Messias e o precursor da intervenção direta de Deus.

Alguns diziam que Jesus era Jeremias. Jeremias ocupava um lugar estranho nas expectativas do povo de Israel. Acreditavam que antes que o povo partisse para o exílio Jeremias tinha tirado o arca e o altar do incenso do templo e os tinha oculto em um lugar solitário no Monte Nebo e que, antes da chegada do Messias, Jeremias voltaria e os devolveria e a glória de Deus voltaria para povo (2 Macabeus 2:1-12). Em 2 Esdras 2:18 a promessa de Deus é: "Para sua ajuda enviarei a meus servos Isaías e Jeremias."

Há uma lenda muito curiosa dos tempos das guerras macabeias. Antes da batalha com Nicanor, na qual o comandante judeu era o grande Judas Macabeu, Onias, o bom homem que tinha sido sumo sacerdote, teve uma visão. Orou pelo triunfo na batalha. "Logo se apareceu também um homem que se distinguia por sua idade e sua dignidade, rodeado de admirável e majestosa soberania. Onias havia dito: 'Este é o que ama a seus irmãos, que ora muito por seu povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus.' Jeremias, tendendo sua mão direita entregou a Judas uma espada de ouro, e ao dá-la, pronunciou estas palavras: 'Recebe, como presente de parte de Deus esta espada sagrada com a qual destroçarás aos inimigos."' (2 Macabeus 15:13-16). Jeremias também era o precursor da chegada do Messias e a ajuda para seu povo em tempos de perigo. Segundo sua própria opinião, quando as pessoas identificavam a Jesus com Elias ou com Jeremias, elas o estavam elogiando e lhe dando um lugar muito alto, porque Jeremias e Elias eram nada menos que os precursores esperados do Ungido de Deus. Quando eles chegassem o Reino estaria muito perto.

De maneira que, uma vez que Jesus ouviu o veredicto da multidão, formula a pergunta fundamental: "E vós, quem dizeis que sou eu?" Ante essa pergunta pode ser que se produziu um instante de silêncio, enquanto que na mente dos discípulos se amontoavam idéias que quase temiam expressar com palavras. E logo Pedro faz seu grande descobrimento e sua grande confissão, e Jesus sabe que sua obra está a salvo porque pelo menos há uma pessoa que o compreende.

É interessante assinalar que cada um dos três evangelhos tem sua própria versão das palavras do Pedro. Mateus diz: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." Marcos é o mais sucinto de todos (Marcos 8:19): "Tu és o Cristo." Lucas é o mais claro (Lucas 9:20): "O Cristo de Deus."

Agora Jesus sabia que pelo menos uma pessoa o tinha reconhecido como o Messias, o Ungido de Deus, o Filho do Deus vivo. A palavra Messias e a palavra Jesus são idênticas; uma é a versão hebraica e a outra a versão grega da expressão O Ungido de Deus. Naquela época, e também em nossos dias, ungia-se aos reis quando iniciavam suas funções. O Messias, o Cristo, o Ungido de Deus é o Rei divino de Deus sobre os homens.

Nesta passagem há duas grandes verdades.

(1) Em essência, o descobrimento do Pedro expressa que as categorias humanas, inclusive as mais excelsas eram inadequadas para descrever a Jesus Cristo. Quando as pessoas descreviam a Jesus como Elias ou Jeremias ou um dos profetas, acreditavam que estavam pondo a Jesus na maior categoria que podiam encontrar. Elias era o precursor que todos os homens esperavam; Jeremias também ocupava um lugar no reino divino e era o auxiliar do povo de Deus nos dias de perigo. Os judeus acreditavam que a voz dos profetas tinham permanecido em silêncio durante quatrocentos anos, e o que agora afirmavam era que, em Jesus, os homens voltavam a ouvir a voz direta e autêntica de Deus. Estas são alegrias muito importantes, porém não são suficientes, porque não há categorias, descrições ou classificações cristãs adequadas para descrever a Jesus. Em uma ocasião Napoleão deu seu veredicto sobre Jesus. "Eu conheço os homens", disse, "e Jesus Cristo é mais que um homem." Não há a menor dúvida de que Pedro não poderia ter dado uma explicação teológica nem uma explicação filosófica melhor do que quis dizer ao afirmar que Jesus era o Filho do Deus vivente. Pelo que se estava muito seguro era de que nenhuma descrição meramente humana era adequada para referir-se a Jesus Cristo.

(2) Esta passagem nos indica que nossa descoberta de Jesus Cristo deve ser uma descoberta pessoal. A pergunta de Jesus é: "Você, o que pensa você de mim?" Quando Pilatos perguntou a Jesus se era o rei dos judeus, a resposta de Jesus foi: "Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a meu respeito?" (João 18:33-34). Nosso conhecimento de Jesus jamais pode ser de segunda mão. Alguém pode conhecer tudo o que se tem dito a respeito de Jesus; pode conhecer todas as cristologias concebidas pela mente do homem; pode ser capaz de brindar um resumo competente do ensino sobre Jesus que fizesse cada pensador e teólogo do mundo – e, entretanto, não ser cristão. O cristianismo nunca consiste em conhecer algo sobre Jesus; sempre consiste em conhecer a Jesus. Jesus Cristo exige um veredicto pessoal. Não só perguntou a Pedro; pergunta a cada homem: "Você, o que pensa a meu respeito?"

Estudo sobre Mateus 16:17-19

Esta passagem é uma das que provocam tormentas nas interpretações do Novo Testamento. Sempre foi difícil enfocá-la com tranqüilidade e sem preconceito, porque é o fundamento sobre o qual os católicos romanos apóiam a posição do Papa e da Igreja. A Igreja Católica Romana a entende no sentido de que a Pedro foram entregues as chaves que admitem ou excluem aos homens do céu, e que lhe foi dado o poder de absolver ou não a qualquer pessoa de seus pecados. Além disso, a Igreja Católica Romana sustenta que, com esses enormes poderes Pedro se tornou o bispo de Roma, e que seu poder se transmitiu a todos os bispos de Roma e existe na atualidade no Papa que é a cabeça da Igreja e o bispo de Roma. É fácil comprovar quão impossível é tal doutrina para qualquer crente protestante Também é fácil entender que tanto protestantes como católicos enfoquem esta passagem, não com o desejo sincero de interpretar seu significado, e sim com o firme propósito de não ceder um milímetro em sua posição e, se for possível, destruir a do outro. Busquemos, pois, achar o significado desta passagem.

Encontramos nela um trocadilho. Em grego Pedro se diz Petros e rocha se diz petra. O nome de Pedro em aramaico é Cephas, e tal é o nome aramaico para rocha. Em ambos os idiomas nos achamos diante de um trocadilho. Tendo Pedro feito a sua grande descoberta e confissão, Jesus lhe diz: "Tu és Petros e sobre esta petra edificarei a minha igreja."

Devemos começar por assinalar que, além de qualquer outra coisa, a palavra implica um enorme louvor. E não é uma metáfora estranha ou insólita no pensamento judeu. Os rabinos aplicavam a palavra rocha a Abraão. Tinham um dito: "Quando o Santo viu a Abraão que estava por erguer-se, disse: 'Descobri uma rocha (petra) sobre a qual posso fundar o mundo'. De maneira que chamou a Abraão rocha (sul), e por isso se diz: 'Olhe a rocha da qual saíste.'" Abraão era a rocha sobre a qual se fundou a nação e o propósito de Deus. Mais ainda, a palavra rocha (sul) aplica-se uma e outra vez ao próprio Deus. "Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita" (Deuteronômio 32:4). "Porque a rocha deles não é como a nossa Rocha" (Deuteronômio 32:31). "Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus" (1 Samuel 2:2). "O SENHOR é minha rocha e minha fortaleza, e meu libertador" (2 Samuel 22:2). A mesma frase aparece no Salmo 18:2. "Que rocha há fora de nosso Deus?" (Salmo 18:31). A mesma frase se encontra em 2 Samuel 22:32.

Há uma coisa que é muito clara. Chamar a alguém rocha é o maior dos louvores; e também é evidente que nenhum judeu que conhecesse o Antigo Testamento, podia empregar a frase sem que sua mente se voltasse para Deus que era a única rocha autêntica que o defenderia e procuraria sua salvação. O que quis dizer Jesus, então, quando empregou a palavra rocha nesta passagem? Foram dados pelo menos quatro respostas a essa pergunta.

(1) Agostinho interpretou que a rocha significava o próprio Jesus. É como se Jesus tivesse dito: "Você é Pedro, e sobre mim mesmo como rocha fundarei minha igreja, e chegará o dia em que, como recompensa por sua fé, você será grande dentro da igreja."

(2) A segunda explicação é que a rocha é a verdade que afirma que Jesus Cristo é o Filho do Deus vivo. A Pedro foi divinamente revelada essa grande verdade. Deus mesmo foi quem abriu os olhos de Pedro a esse grande descobrimento. Com efeito, o fato de que Jesus Cristo é o Filho de Deus é a pedra basal da fé e a crença da Igreja. Sobre essa grande verdade se funda a Igreja pelos séculos dos séculos. Esta explicação sustenta que a verdade divinamente revelada de que Jesus é o Filho de Deus é o único fundamento sobre o qual se apóia a Igreja. Não há dúvida de que isto é certo, porém não parece destacar o trocadilho que aparece na passagem.

(3) A terceira explicação é que a rocha é a fé de Pedro. A Igreja se funda sobre a fé de Pedro. Essa fé de Pedro foi a faísca que acenderia a fé da Igreja em todo o mundo. A fé de Pedro foi o ímpeto inicial que algum dia faria surgir a Igreja universal.

(4) Chegamos à última interpretação, que é a melhor. Consiste em que Pedro mesmo é a rocha, mas em um sentido especial. Não é a rocha sobre a qual se funda a Igreja; essa rocha é Deus. É a primeira pedra basal de toda a Igreja. Pedro foi o primeiro homem da Terra que descobriu quem era Jesus. Foi o primeiro homem que efetuou o salto de fé que via em Jesus Cristo o Filho do Deus vivo. Em outras palavras, Pedro foi o primeiro membro da Igreja e, nesse sentido, a Igreja está fundada sobre ele. Este é o significado. É como se Jesus tivesse dito a Pedro: "Pedro, você é o primeiro em compreender quem sou eu; portanto, é a primeira pedra, a pedra fundamental, o princípio mesmo da Igreja que fundo." E nos séculos por vir, qualquer um que faz o mesmo descobrimento que Pedro fez é outra pedra que se acrescenta ao edifício da Igreja de Cristo.

Assinalemos duas coisas que ajudam a esclarecer isto.

(1) Com muita frequência, a Bíblia emprega figuras com um propósito definido. Não é preciso acentuar os detalhes da imagem, o que importa é o objetivo central. Agora, com relação à Igreja o Novo Testamento emprega com muita frequência a imagem de edificar, mas a utiliza com muitos propósitos e de diversos pontos de vista. Aqui Pedro é o fundamento, no sentido de que é a pessoa sobre a qual se edifica toda a Igreja, porque foi o primeiro em descobrir quem foi Jesus. Em Efésios 2:20 se afirma que os profetas e os apóstolos são o fundamento da Igreja. A Igreja terrestre, falando da perspectiva humana, depende de sua obra, de seu testemunho e de sua fidelidade. Na mesma passagem Jesus Cristo é a principal pedra angular; é o poder e a força que mantém unida a Igreja. Sem Ele todo o edifício se desintegraria e viria abaixo. Em 1 Pedro 2:4-8 todos os cristãos são pedras vivas que devem ser edificadas dentro da Igreja. Em 1 Coríntios 3:11 Jesus é o único fundamento e ninguém pode estabelecer outro.

É evidente que os escritores do Novo Testamento tomaram a imagem da edificação e a empregaram de diferentes maneiras. Mas por trás de todas essas imagens sempre está a noção de que Jesus Cristo é o verdadeiro fundamento da Igreja e o único poder que mantém unida a Igreja. Quando Jesus disse ao Pedro que sobre ele edificaria sua igreja, não quis dizer que a igreja dependeria de Pedro, visto que dependia de Cristo e de Deus, a Rocha, e de ninguém mais. O que quis dizer foi que a igreja começava com Pedro. Nesse sentido Pedro é o fundamento da igreja e essa é uma honra que nenhum homem pode tirar.

(2) O segundo elemento que se deve destacar é que a palavra igreja (ekklesia) empregada nesta passagem transmite uma impressão um tanto errônea. Quando ouvimos a palavra igreja tendemos a pensar em nossa própria igreja. Ou pelo menos tendemos a pensar na igreja como uma instituição e organização com edifícios, escritórios, cultos, reuniões, entidades várias e todo tipo de atividades. O mais provável é que Jesus tenha empregado a palavra quahal, que é o termo que emprega o Antigo Testamento para referir-se à congregação de Israel, a reunião do povo do Senhor. O que Jesus a disse a Pedro foi: "Pedro, você é o começo do novo Israel, do novo povo do Senhor, da nova comunhão dos que crerem em meu nome. Pedro foi o primeiro do grupo de pessoas que creram em Jesus. O que começou com Pedro não foi uma igreja, no sentido humano, muito menos no sentido denominacional. O que começou com Pedro foi a união de todos os que crêem em Jesus Cristo, que não se identifica com nenhuma igreja e que não se limita a nenhuma delas em particular, mas sim abraça a todos aqueles que, em todas as Iglesias, amam ao Senhor.

De maneira que podemos afirmar que a primeira parte desta controvertida passagem significa que Pedro é a pedra fundamental da igreja no sentido de que é o primeiro desse imenso grupo que declara com alegria seu próprio descobrimento de que Jesus Cristo é Senhor; mas que em última instância, Deus mesmo é a Rocha sobre a qual se edifica a igreja.

Jesus prossegue dizendo que as portas do inferno não prevalecerão contra sua igreja, o que significam essas palavras? A ideia de portas que prevalecem não é, de qualquer ponto de vista, uma imagem natural e facilmente compreensível.

Esta também tem mais de uma explicação.

(1) Pode ser que seja a imagem de uma fortaleza. Esta figura poderia apoiar-se no fato de que no topo da montanha que flanqueava a Cesareia de Filipe se encontram na atualidade as ruínas de um grande castelo que pode ter sido levantado em todo seu esplendor na época de Jesus. Pode ser que Jesus tenha estado pensando em sua igreja como uma fortaleza e nas forças do mal como uma fortaleza inimiga. E o que diz, então, é que o poderio do mal jamais prevalecerá contra a igreja.

(2) Richard Glover tem uma explicação muito interessante desta frase. No antigo Oriente, especialmente nas pequenas cidades e aldeias, a Porta sempre era o lugar onde se reuniam os anciãos e os governantes e onde pronunciavam seus conselhos e emitiam seus julgamentos. Por exemplo, a lei estabelece que se um homem tiver um filho rebelde e desobediente deve levá-lo "aos anciãos da cidade, à sua porta" (Deuteronômio 21:19), e ali se emitia o julgamento e se fazia justiça. Em Deuteronômio 25:7, a mulher que tem um determinado problema é aconselhada a ir "à porta, aos anciãos". A porta era o tribunal popular porque ali se reuniam os anciãos. De maneira que a expressão a porta pode ter chegado a significar o lugar de governo. Durante muito tempo, por exemplo, denominou-se o governo da Turquia de a Sublime Porta. De maneira que o sentido da frase seria: Os poderes, o governo do Hades jamais prevalecerão contra a igreja.

(3) Há uma terceira possibilidade. Suponhamos que voltamos para a ideia de que a rocha sobre a qual se funda a igreja é a crença, a fé e a convicção de que Jesus não é outro senão o Filho do Deus vivo. Ora, esta frase não fala das portas do inferno, mas sim das portas do Hades. E o Hades não era o lugar de castigo e sim o lugar onde, segundo a crença judia primitiva, iam todos os mortos. Como é evidente, a função das portas é manter as coisas dentro, confiná-las, encerrá-las, controlá-las.

Havia uma só pessoa a quem as portas do Hades não podiam encerrar em seu interior; e essa única pessoa era Jesus Cristo. Ele rompeu os laços da morte. Como diz o autor de Atos: "Era impossível que fosse retido pela morte... Não deixará minha alma no Hades, nem permitirá que seu Santo veja corrupção" (Atos 2:24, 27). De maneira que isto pode ser nada menos que uma referência triunfante à próxima Ressurreição. Pode ser que Jesus estivesse dizendo: "Vocês descobriram que sou o Filho do Deus vivo. Logo virá o momento em que serei crucificado, e as portas do Hades se fecharão detrás de Mim. Mas não têm poder para me manter dentro delas. As portas do Hades carecem de poder contra mim, o Filho do Deus vivo."

Seja qual for a interpretação, esta frase expressa de maneira triunfante o caráter indestrutível de Cristo e sua igreja.

Agora chegamos a duas frases nas quais Jesus descreve certos privilégios que foram concedidos a Pedro assim como certas obrigações que lhe atribuíram.

(1) Jesus diz que dará a Pedro as chaves do Reino. Esta é uma frase obviamente difícil. E o melhor que podemos fazer é começar estabelecendo aquelas coisas a respeito desta frase sobre as quais podemos estar seguros.

(a) A frase sempre fez referência a uma espécie muito especial de poder. Os rabinos, por exemplo, tinham um dito: "As chaves do nascimento, da chuva, e da ressurreição dos mortos pertencem a Deus." Quer dizer, que Deus é o único que tem o poder de criar vida, de enviar a chuva, e de ressuscitar os mortos. A frase sempre indica um poder único e especial.

(b) No Novo Testamento sempre se aplica esta frase a Jesus. As chaves estão em suas mãos e nas de nenhum outro. Em Apoc. 1:18 o Cristo ressuscitado diz: "Eu sou o que vivo e fui morto; mas eis aqui que vivo pelos séculos dos séculos, amém. E tenho as chaves da morte e do Hades." Em Apocalipse 3:7 se descreve ao Cristo ressuscitado como: "O Santo, o Verdadeiro, que tem a chave de Davi, que abre e ninguém fecha, e fecha e ninguém abre." Está claro que esta frase deve interpretar-se como indicação de um direito divino determinado e seja qual for a promessa que fez a Pedro não se deve interpretar que anula ou infringe um direito que só pertence a Deus e ao Filho de Deus.

(c) Todas estas imagens e usos do Novo Testamento se remontam a uma imagem de Isaías (Isaías 22:22). Ali Isaías descreve a Eliaquim que terá a chave da casa do Davi sobre seu ombro e que será o único que abrirá e fechará. Ora, o dever do Eliaquim era ser o zeloso guardião da casa. O guardião é quem tem as chaves da casa, quem abre a porta pela manhã e a fecha pela tarde, e através dele os visitantes têm acesso à presença real. De maneira que o que Jesus diz a Pedro é que nos dias por vir Pedro será o guardião do Reino. E no caso do Pedro trata-se de abrir, não de fechar, a porta do Reino. E, de fato, foi isso que aconteceu. No Pentecostes, Pedro, o guardião do Reino, abriu a porta a três mil almas (Atos 2:41). Abriu a porta ao centurião gentio, Cornélio, de maneira que a porta do Reino girou sobre seus gonzos para dar entrada ao mundo gentio (Atos 10). Atos 15 relata em que forma o Conselho de Jerusalém abriu as portas de par em par aos gentios e como foi o testemunho de Pedro o que o fez possível (Atos 15:14; Simão é Pedro). A promessa de que Pedro teria as chaves do Reino significava que Pedro seria o meio para abrir a porta que conduz milhares de pessoas a Deus nos dias por vir. O fato concreto é que Pedro não é o único que tem as chaves do Reino. Todo cristão as tem porque cada um de nós pode abrir a porta do Reino a alguém e participar da grande promessa de Jesus Cristo.

(2) Além disso, Jesus prometeu a Pedro que o que ele atar permaneceria atado, e o que desatar permaneceria desatado.

Richard Glover interpreta que Pedro exporia os pecados dos homens, os ataria às consciências dos homens, e logo libertaria a estes de seus pecados, falando do amor e do divino perdão de Deus. Trata-se de uma ideia muito bonita e não há dúvida que é verdadeira, porque tal é o dever de todo pregador e professor cristão, mas tem um significado ainda mais rico. Atar e desatar eram expressões judias muito comuns. Eram empregadas especialmente ao referir-se às decisões dos grandes mestres e dos grandes rabinos. Seu sentido mais corrente, que qualquer judeu poderia reconhecer, era permitir e proibir. Atar algo era declará-lo proibido; desatar algo era declará-lo permitido. Estas eram as frases usuais quando se tratava de tomar decisões sobre a lei. De fato, esta era a única coisa que significariam essas frases em um contexto como este. De maneira que o que diz Jesus a Pedro é o seguinte: "Pedro, a você serão atribuídas sérias e pesadas responsabilidades. Você terá que tomar decisões que afetarão o destino de toda a igreja. Nos dias futuros a administração da igreja cairá sobre suas costas. Você será o guia e o diretor da igreja nascente. E as decisões que você fizer serão tão importantes que afetarão as almas dos homens no tempo e na eternidade."

O privilégio das chaves significava que Pedro seria o encarregado da casa de Deus, seria quem abriria as portas aos homens para que entrassem no Reino. A obrigação de atar e desatar significava que Pedro teria que tomar decisões a respeito da vida e a prática da igreja, que teriam conseqüências do mais longo alcance. E de fato, quando lemos os primeiros capítulos dos Atos vemos que isso foi exatamente o que Pedro fez em Jerusalém, porque cumpriu o dever, a tarefa e o privilégio que recebeu.

Assim, pois, resumiremos agora esta passagem, que provocou tantas discussões e controvérsias, e ao fazê-lo veremos que não se ocupa de formas eclesiásticas e dos assuntos das Iglesias, mas sim das coisas que se referem à salvação. Jesus disse ao Pedro:

"Pedro, seu nome significa rocha e seu destino é ser rocha. Você é o primeiro em reconhecer o que sou, e portanto você é a primeira pedra no edifício da comunidade daqueles que me pertencem. Contra essa comunidade não prevalecerão as fortificações do inimigo, assim como tampouco poderão me manter cativo na morte. E no futuro, você será o encarregado de abrir as portas do Reino para que possam entrar judeus e gentios. E você deverá ser o administrador sábio e o guia que resolverá os problemas e dirigirá a tarefa da comunidade nascente e em processo de crescimento."

Pedro fazia o grande descobrimento, e foi concedido a Pedro o grande privilégio e a grande responsabilidade. É um descobrimento que cada um deve fazer por si mesmo, e uma vez que o tenha feito, recebe o mesmo privilégio e a mesma responsabilidade.

Estudo sobre Mateus 16:20-23

A pesar de os discípulos terem captado o fato de que Jesus era o Messias de Deus, ainda não tinha chegado a compreender seu significado. Para eles queria dizer algo completamente diferente do que queria dizer para Jesus. Seguiam pensando em termos de um Messias conquistador, um rei guerreiro, que expulsaria os romanos da Palestina e conduziria Israel ao poder. Foi por isso que Jesus os obrigou a manter silêncio. Se eles se dirigissem às pessoas e pregassem suas idéias, tudo o que conseguiriam seria provocar uma rebelião e um levante trágicos. Só teriam provocado outro estalo de violência, condenado ao fracasso. Antes de pregar que Jesus era o Messias deviam aprender o significado dessas palavras. De fato, a reação de Pedro demonstra o longe que estavam os discípulos de compreender com exatidão o que queria dizer Jesus quando afirmava que era o Messias e o Filho de Deus.

Assim, pois, Jesus começou a tratar de abrir os olhos deles para que entendessem que para Ele não havia outro caminho senão o da cruz. Disse que devia ir a Jerusalém e sofrer "muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas". Estes eram os três grupos que compunham o Sinédrio. Os anciãos eram as pessoas respeitáveis e respeitadas, os principais sacerdotes eram em sua maioria, saduceus, e os escribas eram fariseus. O que diz Jesus é que deve padecer sob o Sinédrio e sob os líderes religiosos ortodoxos do país. Assim que Jesus pronunciou essas palavras, Pedro reagiu de maneira violenta. Pedro tinha sido criado e sido alimentado com a idéia de um Messias de poder, glória e conquista. Para ele era inacreditável a idéia de um Messias sofredor, relacionar uma cruz com a obra do Messias. “Pedro, chamando-o [a Jesus] à parte” O mais provável é que o rodeasse com um braço protetor para detê-lo em seu intento suicida "Isso", disse Pedro, "não deve nem pode te acontecer." E então veio a grande reprimenda que nos corta a respiração quando a ouvi: “Sai de diante de mim, Satanás” (Trad. Br.)

Devemos compreender algumas cosas para entender esta trágica e dramática cena. Devemos tratar de perceber o tom de voz com que Jesus pronunciou estas palavras. Não há dúvida de que não as disse com ira na voz e apaixonada indignação no olhar. Disse-as como um homem a quem se feriu até o coração, com uma dor profunda, com uma espécie de horror que o fez tremer. Por que Jesus reagiu assim?

Teve essa reação porque nesse momento lhe veio com uma força cruel a lembrança das tentações que tinha suportado no deserto no começo de seu ministério. Desde o começo tinha sido tentado a tomar o caminho do poder. O tentador disse: "Dê-lhes pão, dê-lhes coisas materiais, e vão segui-lo." "Dê-lhes sensações, dê-lhes coisas maravilhosas", disse o tentador, "e o seguirão." "Faça um acordo com o mundo", disse o tentador. "Reduza suas normas e saia ao encontro do mundo, e o seguirão." Eram exatamente as mesmas tentações com as quais Pedro voltava a confrontá-lo. E estas tentações tampouco tinham estado totalmente ausentes da mente de Jesus. Lucas vê até o fundo do coração do Mestre. No final do relato das tentações, Lucas escreve: "E, acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo" (Lucas 4:13). Uma e outra vez o diabo repetia seus ataques. Ninguém deseja uma cruz, ninguém deseja morrer em uma agonia; até no Getsêmani se repetiu a mesma tentação, a tentação de seguir outro caminho. E aqui foi Pedro quem a apresenta. A dureza e o rigor da resposta de Jesus se deve a que Pedro lhe estava propondo exatamente as mesmas coisas que o diabo lhe sussurrava todo o tempo, as mesmas coisas frente às quais tinha que fazer-se forte. Pedro enfrentava a Jesus com a forma de fugir da cruz que o tentou até o fim.

É por isso que Pedro era Satanás. O significado literal de Satanás é O Adversário. É por isso que as idéias de Pedro não eram idéias de Deus mas sim do homem. Satanás é qualquer força que trata de nos afastar do caminho de Deus, Satanás é qualquer influência que nos faz retroceder no árduo caminho que Deus põe diante de nós. Satanás é qualquer poder que trata de conseguir que os desejos humanos ocupem o lugar do imperativo divino.

E o que converteu à tentação em algo mais grave e doloroso foi que procedia de alguém que O amava. Pedro falou desse modo só porque amava a Jesus em tal forma que não podia suportar a idéia de vê-lo nesse caminho terrível e morrendo essa morte espantosa. A tentação mais dura é a que procede do amor protetor. Em algumas ocasiões o amor trata de nos afastar dos perigos que apresenta o caminho de Deus; mas o verdadeiro amor não é o que retém o cavalheiro na casa quando deveria ir lutar, mas o que o envia a cumprir as obrigações de sua honra que não a impõem para converter a vida em algo fácil, mas em algo grande. O amor pode ser tão protetor que trate de evitar a quem ama, a aventura da luta do soldado de Cristo, e a fadiga e a dor do caminho do peregrino de Deus. O que realmente feriu o coração de Jesus e o que fez com que falasse como falou, foi que nesse dia o tentador lhe falou por meio do amor ardente mas equivocado do apaixonado coração de Pedro.

Antes de deixar esta passagem é interessante dar uma olhada a duas interpretações muito antigas da frase: “Para trás de mim, Satanás” (RC). Orígenes sugeriu que quando Jesus pronunciou estas palavras Ele quis dizer a Pedro: "Pedro, seu lugar é atrás de mim, não adiante. Seu lugar consiste em me seguir no caminho que eu escolho, não em me conduzir pelo caminho que você gostaria que eu seguisse." Se se pode interpretar a frase desse modo, é-lhe tirada parte de sua dureza, porque não faz desaparecer a Pedro da presença de Cristo. Antes, lembra a Pedro qual é o seu lugar como um seguidor que caminha nos passos de Jesus. O mesmo se aplica a todos nós. Sempre devemos seguir o caminho de Cristo, jamais devemos tentar obrigar a Cristo a tomar nosso próprio caminho.

Encontramos um maior desenvolvimento deste tema quando analisamos esta frase de Jesus à luz das palavras que dirigiu a Satanás no final das tentações, tal como Mateus o apresenta em Mateus 4:10. Apesar de que nas traduções as passagens parecem diferentes são quase idênticas, embora não totalmente. Em Mateus 4:10 diz: "Vai-te, Satanás", que em grego se diz: "Hupage Satana." Neste caso diz a Pedro: “Para trás de mim, Satanás”", que em grego se expressa assim: "Hupage opiso mou, Satana." Agora, o fato concreto é que a ordem de Jesus a Satanás é diretamente: "Vai-te!", enquanto que sua ordem a Pedro é: “Para trás de mim”, quer dizer: "Volta a te converter em meu discípulo." A Satanás Cristo o expulsa de sua presença; a Pedro é-lhe lembrado que deve seguir a Cristo. Se havia algo em que Satanás jamais poderia converter-se, era em seguidor de Cristo; em seu orgulho diabólico jamais podia submeter-se a isso, por isso é Satanás. Pelo contrário, Pedro poderia estar errado, poderia cair e pecar mas para ele sempre restava a possibilidade do desafio e a oportunidade de voltar a converter-se em um discípulo. É como se Jesus lhe tivesse dito: "Neste momento você falou como teria feito Satanás. Mas quem fala não é o verdadeiro Pedro. Você pode se redimir. Venha atrás de mim e volta a ser meu discípulo e tudo voltará a andar bem." A diferença básica entre o Pedro e Satanás radica justamente no fato de que Satanás jamais ficaria atrás de Jesus. Sempre que o homem esteja disposto a seguir, inclusive depois de ter caído, resta a esperança de obter a glória aqui e no mais além.

Estudo sobre Mateus 16:24-26

Aqui temos um dos temas que dominam e se reiteram no ensino de Jesus. Trata-se de coisas que Jesus repetiu uma e outra vez (Mat. 10:37-39; Mar. 8:64-37; Luc. 9:23-27; 14:25-27; 17:33; João 12:25). Uma e outra vez Jesus confrontou os homens com o desafio da vida cristã. Há três coisas que o homem deve estar disposto a fazer se há de viver a vida cristã.

(1) Deve negar-se a si mesmo. Em geral empregamos o termo negação de si mesmo em um sentido restringido. Utilizamo-lo para significar prescindir de algo, ou renunciar a algo. Uma semana de abnegação, por exemplo, é uma semana na qual prescindimos de certos prazeres ou luxos, em geral com o propósito de contribuir a alguma boa causa. Mas isso não é mais que uma parte muito pequena do que Jesus quis dizer ao falar da negação de si mesmo. Negar-se a si mesmo significa dizer não a si mesmo em todos os momentos da vida e dizer sim a Deus. Negar-se a si mesmo significa destronar-se a si mesmo de uma vez e para sempre e entronizar a Deus. Negar-se a si mesmo significa apagar-se a si mesmo como princípio dominante na vida e fazer de Deus o princípio diretor, mais ainda, a paixão dominante da vida. A vida de uma auto-negação constante é uma vida de assentimento constante a Deus.

(2) Deve tomar sua cruz. Quer dizer, deve carregar o peso do sacrifício. A vida cristã é uma vida de serviço sacrificial. O cristão pode ter que abandonar a ambição pessoal para servir a Cristo. Pode ser que descubra que o lugar onde pode oferecer o maior serviço a Jesus Cristo é um lugar onde a recompensa será pequena e o prestígio será nulo. Sem dúvida terá que sacrificar tempo e prazer a fim de servir a Deus mediante o serviço a seu próximo. Para expressá-lo em forma muito simples: pode ser que terei que sacrificar o conforto do lar, o prazer de uma visita a um lugar de recreio, pelas obrigações impostas pelo fato de ser o maior dentro de um grupo, pelas exigências do clube de jovens, a visita à casa de alguma alma triste ou sozinha. Pode ser que tenha que sacrificar certas coisas que poderia possuir a fim de poder dar mais. A vida cristã é a vida de sacrifício.

Lucas, em um rasgo de aguda percepção, acrescenta uma palavra a esta ordem de Jesus: "Tome cada dia sua cruz." O verdadeiramente importante não são os grandes momentos de sacrifício, mas uma vida de compreensão constante e minuto a minuto das exigências de Deus e as necessidades dos homens. A vida cristã é uma vida que sempre está mais preocupada com os outros que por si mesmo.

(3) Deve seguir a Jesus Cristo. Quer dizer, deve manifestar uma obediência perfeita a Jesus Cristo. Quando éramos jovens estávamos acostumadas a brincar um jogo chamado "seguir o líder". Era preciso copiar tudo o que fazia o líder por mais difícil e, no caso do jogo, por mais ridículo que fosse. A vida cristã é um constante seguir o líder, uma constante obediência em pensamento, palavra e ação a Jesus Cristo. O cristão segue nos passos de Jesus Cristo, em qualquer lugar que Ele o levar.

Neste mundo existe uma diferença profunda entre existir e viver. Existir é simplesmente deixar que os pulmões respirem e o coração pulse. Viver significa viver em um mundo onde tudo vale a pena, onde há paz na alma, alegria no coração e alegria em cada instante. Aqui Jesus nos dá as indicações para a vida como algo diferente da existência.

1) O homem que vai atrás da segunda perde a vida. Mateus escrevia entre os anos 80 e 90 d. C. De maneira que escrevia nos dias mais amargos das perseguições. O que dizia era o seguinte: "É muito possível que chegue o momento em que vocês possam salvar sua vida abandonando a fé, mas se o fizerem, longe de salvar a vida no verdadeiro sentido, perdê-la-ão." O homem fiel pode morrer, mas morre para viver; quem abandona sua fé indo atrás da segurança, pode viver, mas vive para morrer. Em nossa época e em nossa geração não se trata de martírio, mas segue vigente o fato de que se enfrentarmos a vida como uma busca constante de segurança, conforto, carência de dificuldades, se cada decisão que tomamos está apoiada em motivações de prudência e de reputação mundana, estamos perdendo tudo o que faz com que a vida mereça ser vivida. A vida se converte em algo oco e brando quando poderia ter sido uma aventura. A vida se converte em algo egoísta, quando poderia ter sido algo radiante pela atitude de serviço. A vida se converte em algo condenado à dimensão terrestre quando poderia ter sido algo que apontava sempre às estrelas.

Em uma oportunidade alguém escreveu um epitáfio muito amargo a respeito de uma pessoa: "Nasceu homem e morreu comerciante." Poderia-se substituir a palavra comerciante por qualquer ofício ou profissão. O homem que busca a segurança deixa de ser homem, porque o homem é feito à imagem de Deus.

(2) O homem que arrisca tudo por Cristo – e possivelmente pareça que perdeu tudo – encontra a vida. A história nos ensina que sempre foram as almas aventureiras que disseram adeus à segurança as que escreveram seu nome na história e ajudaram em grande medida o mundo dos homens. Se não tivessem existido quem estava dispostos a correr riscos, mais de uma medicina não existiria. Se não tivessem existido os que estiveram dispostos a arriscar-se, muitas das máquinas que facilitam a vida não seriam inventadas. Se não existissem mães dispostas a correr o risco, não nasceria nenhum menino. O homem que está disposto "a arriscar a vida pela verdade de que Deus existe" é quem, em última instância, encontra a vida.

(3) Logo Jesus fala com advertência: "Suponham que alguém busca a segurança, suponham que obtém o mundo inteiro, e suponham que mais tarde descobre que essa vida não vale a pena; o que pode dar para voltar a ganhar sua vida?" E a triste verdade é que não podemos voltar a obter a vida. Em cada decisão da vida nos convertemos em algo. Convertemo-nos em um determinado tipo de pessoa, construímos em forma constante e iniludível certo tipo de personalidade e de caráter, fazemo-nos capazes de fazer certas coisas e totalmente incapazes de fazer outras. É perfeitamente possível que alguém obtenha tudo o que se propôs e que uma manhã desperte e descubra que perdeu as coisas mais importantes. O mundo representa as coisas materiais por oposição a Deus. E se podem dizer três opiniões a respeito das coisas materiais: (a) Ninguém as pode levar consigo no final de seus dias. Só pode levar a si mesmo e se se degradou para obtê-las, seu arrependimento será algo amargo. (b) Não podem ajudar o homem nos dias difíceis. As coisas materiais jamais comporão um coração destroçado ou consolarão a uma alma solitária. (c) Se por acaso alguém obteve suas posses materiais em forma desonesta, chegará o momento em que ouvirá a voz da consciência e conhecerá seu inferno deste lado da tumba.

O mundo está cheio de vozes que proclamam que o homem que vende a vida autêntica em troca de coisas materiais é um tolo.

(4) Por último, Jesus pergunta: "Que recompensa dará o homem por sua alma?" A versão grega diz: "Que antallagma dará o homem por sua alma?" Esta palavra é interessante. No livro de Eclesiástico lemos: "O amigo fiel não tem preço." e "Não tem preço a [mulher] bem educada" (Eclesiástico 6:15; 26:14). Significa que não há preço com o qual se possa comprar um amigo fiel ou uma alma bem educada. De maneira que esta frase final de Jesus pode significar duas coisas.

(a) Pode querer dizer: Uma vez que o homem perdeu sua vida autêntica devido a seu desejo de segurança e de coisas materiais, não poderá recuperá-la por nenhum preço. Fez-se a si mesmo algo que jamais pode ser completamente apagado.

(b) Pode significar: O homem deve ele próprio e tudo o que tem a Cristo, e não há nada que possa entregar a Cristo em lugar de sua vida. É muito possível que alguém trate de dar seu dinheiro a Cristo e que entretanto não lhe entregue sua vida. É mais provável ainda que alguém renda um serviço aparente a Cristo e que não lhe entregue sua vida. Mais de uma pessoa dá sua oferenda voluntária semanal à igreja mas não vai à igreja; é evidente que isto não satisfaz as exigências impostas aos membros da igreja. O único dom que podemos fazer à igreja é dar-nos a nós mesmos, e o único dom que podemos fazer a Cristo é nossa vida inteira. Não há nada que possa substituir e isso é a única coisa válida.

Estudo sobre Mateus 16:27-28

Esta passagem inclui duas frases diferentes.

(1) A primeira frase é uma advertência. É uma advertência sobre o juízo iniludível. A vida vai para alguma parte e esse lugar é o juízo. Em qualquer esfera da vida chega o momento do balanço. Não se pode passar por cima do fato de que depois da vida chega o juízo; e quando tomamos esta passagem junto com a anterior nos damos conta imediatamente de qual é o nível do juízo. O homem que entesoura a vida para si de maneira egoísta, o homem cuja primeira preocupação é sua própria segurança e conforto é um fracasso segundo o ponto de vista do céu, por mais rico, próspero e triunfante que pareça. O homem que ocupa sua vida com outros e que vive a vida como uma aventura heroica é quem recebe o louvor do céu e a recompensa de Deus.

(2) A segunda frase é uma promessa. Tal como o relata Mateus, pareceria que Jesus falou como se esperasse sua própria vinda visível durante a vida de alguns daqueles que o ouviam. Se Jesus disse isso errou. Mas vemos o verdadeiro sentido das palavras de Jesus quando nos dirigimos ao relato que faz Marcos do incidente. Marcos diz: “Dizia-lhes ainda: Em verdade vos afirmo que, dos que aqui se encontram, alguns há que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam ter chegado com poder o reino de Deus.” (Marcos 9:1). Jesus faz referência à poderosa obra de seu Reino e o que disse se fez realidade. Alguns dos presentes viram a vinda de Cristo na vinda do Espírito no dia do Pentecostes. Havia quem veria como entrariam no Reino tanto gentios como judeus. Veriam como a maré da mensagem cristã cruzaria a Ásia Menor e a Europa até chegar a Roma. Durante a vida daqueles que ouviam a Jesus o Reino chegou em todo o seu poder.

É necessário interpretar esta frase em relação direta com o que vem antes. Jesus advertiu a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e que ali devia sofrer muito e morrer. Essa era a vergonha mas a vergonha não era o fim. depois da cruz veio a ressurreição. A cruz não seria o fim, seria o princípio da liberação desse poder que surgiria através do mundo inteiro. A promessa feita aos discípulos de Jesus Cristo estabelece que nada que os homens façam pode obstaculizar a expansão do Reino de Deus.

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