1 Tessalonicenses 1 — Significado e Explicação

1 Tessalonicenses 1

1:1 Paulo segue o formato habitual de cartas antigas, apresentando primeiro o escritor, em seguida, o destinatário e, por fim, dando uma breve saudação. Paulo menciona Silvano, nome romano de Silas, e Timóteo, mas é ele o autor da epístola (Rm 4.9). Ao usar o pronome oculto nós (v. 2), é possível que o apóstolo esteja dizendo que Silas e Timóteo redigiram a carta com ele. Depois que Paulo se separou de Barnabé (At 15.36-40), Silas tornou-se seu novo companheiro na segunda viagem missionária e talvez tenha trabalhado como seu secretário. Silas era líder da Igreja em Jerusalém (At 15.22, 23) e acompanhou Paulo e Barnabé a Antioquia para transmitir o decreto do Concílio de Jerusalém (At 15.22, 23). Ele ajudou a fundar a Igreja em Tessalônica (At 17.1-4) e foi açoitado, com Paulo, em Filipos (At 26.22-24). Timóteo também estava com Paulo na segunda viagem missionária. Paulo considerava-o como um filho e amava-o muito (At 16.3; 1 Tm 1:2). Esta carta é uma resposta ao relato de Timóteo acerca da Igreja em Tessalônica. A igreja. A palavra grega ekklesia era um termo familiar que significava qualquer ajuntamento ou assembleia. Do modo como é usada no Novo Testamento, essa palavra grega comum traz à lembrança a relação dos cristãos uns com os outros e com Cristo. Observe que Paulo se dirige aos cristãos em Tessalônica como um Corpo, e não como cristãos individuais. Na Igreja primitiva, a crença em Cristo sempre levou ao ajuntamento de cristãos, o Corpo de Cristo (At 2.42-47; 2 Co 12.27). A expressão graça e paz tenhais, embora similar a saudações comuns, expressa de forma eloquente os principais conceitos da fé cristã. A palavra graça significa favor e bênção imerecidos, e a palavra paz [que equivale ao termo hebraico shalom] descreve a relação que os cristãos têm com Deus e deveriam cultivar com outras pessoas. A ordem dos dois termos na saudação sempre é mantida no Novo Testamento, uma vez que a graça de Deus é a única base para a paz de Seu povo.

1:2 Orações. Seguindo o padrão da Igreja em Jerusalém, estes primeiros homens a implantar igrejas entregavam-se à oração, bem como à pregação do evangelho (At 6.4). Como em outras cidades, eles sofreram dores de parto para dar à luz a Igreja em Tessalônica, e essa jovem igreja estava profundamente arraigada no coração deles (1 Ts 2.13, 17; 3.5, 6).

1:3 Lembrando-nos. A vívida lembrança que Paulo tem da excelência espiritual dos tessalonicenses leva o apóstolo a usar pela primeira vez a tríade fé, caridade e esperança, que apresenta a causa imediata e a essência das orações incessantes deles. Observe que não são somente as virtudes que chamam a atenção do apóstolo, mas o modo como estão voltadas para Cristo. A fé dos cristãos em Tessalônica havia produzido o verdadeiro arrependimento. Quando se voltaram para Deus, eles abandonaram os ídolos (v. 9). Note que Paulo vê o arrependimento dos tessalonicenses como consequência da fé deles, não o contrário. Trabalho da caridade. O amor dos tessalonicenses por Cristo resultou em serviço (v. 9) em meio à perseguição (v. 6). Observe o contraste entre obra e trabalho. Enquanto a obra pode ser agradável e estimulante, o trabalho muitas vezes implica um esforço tão árduo a ponto de chegar à fadiga e até à exaustão. Paciência da esperança. Os cristãos em Tessalônica depositavam firmemente sua esperança na volta de Jesus Cristo (v. 10). Note que cada uma das virtudes tem Cristo como Seu objeto. Jesus sempre é o foco. Um bom padrão para avaliar qualquer serviço cristão deve ser: o que estou fazendo glorifica a Cristo?

1:4 Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição. Os missionários dão graças não somente pelas boas obras resultantes da fé dos tessalonicenses (v. 3), mas, o mais importante, pelo que Deus havia feito por estes. Deus os havia escolhido para ser Seu povo santo. Nos versículos 5 a 10, Paulo lista a prova incontestável de que os tessalonicenses foram eleitos por Deus: sua resposta alegre ao evangelho, sua fé sólida e seu avanço em termos de santidade. Deus foi generoso ao escolhê-los, uma clara razão para se alegrar (v. 2; Ef 1:3-14).

1:5 Paulo não define seu evangelho neste momento, mas pregou-o de modo claro quando esteve com eles. Por três semanas ele disputou com eles sobre as Escrituras, expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse dos mortos (At 17.2, 3). A mensagem de um Cristo crucificado era muito diferente das expectativas messiânicas que Paulo tinha em sua própria instrução como fariseu. Os judeus daquela época não estavam à procura de um salvador sofredor, mas de um herói conquistador. Portanto, Paulo teve de demonstrar por meio das Escrituras do Antigo Testamento que os profetas haviam prenunciado o sofrimento, a morte e a ressurreição do Messias. Não foi a vós somente em palavras, mas também em poder. Paulo não deixou de usar as Escrituras de um modo cuidadoso, preciso e persuasivo em suas pregações. Contudo, ele percebeu que, não fosse a obra de convicção do Espírito Santo, ninguém poderia ou iria voltar-se para Cristo (Jo 16.8). Mas, com a bênção de Deus, a pregação de Paulo convenceu alguns dos judeus na sinagoga, também uma grande multidão de gregos religiosos e não poucas mulheres distintas (At 17.4).

1:6 Nossos imitadores e do Senhor. Todos precisam de mestres, especialmente os novos convertidos. Algumas vezes, Paulo incentivou os novos cristãos a imitarem-no (1 Co 11:1), assim como ele estava imitando Cristo. Todos os escritores do Novo Testamento conduzem seus leitores às pegadas de Cristo, como mostram as Escrituras (Fp 2.5; Hb 12.2;  1 Pe 2.21; l Jo 2.6). Este deveria ser nosso alvo também: levar os outros a Cristo por meio de nosso próprio exemplo virtuoso. Enquanto nos concentrarmos em Jesus, refletiremos Sua imagem para os outros (2 Co 3.18). Recebendo não é a palavra comum para recepção, mas uma palavra que expressa uma acolhida calorosa. Os tessalonicenses recebiam o evangelho com alegria, ainda que isso significasse enfrentar perseguição.

1:7 O efeito do evangelho foi tão poderoso na vida dos tessalonicenses que eles se tornaram exemplos para toda a província da Macedônia, da qual sua cidade era a capital. A palavra exemplo [gr. tupos] é singular no original e refere-se não somente a um número de exemplos individuais da vida cristã, mas, melhor dizendo, ao padrão único de resposta à Palavra. Era essa disposição de obedecer às boas-novas e crer em Cristo como o Messias prometido no Antigo Testamento que Paulo elogiava.

1:8 A vossa fé [...] se espalhou. O testemunho da fé extraordinária dos tessalonicenses percorreu toda a Grécia e a Macedônia. Uma vez que Tessalônica era uma cidade portuária e ficava na movimentada Via Egnatia, os que viam a vida virtuosa e a fé persistente dos cristãos tessalonicenses espalhavam a Palavra de Deus por toda a região. O mesmo havia acontecido na igreja de Jerusalém (At 6.7); ou seja, a vida cristã plena daqueles irmãos estava causando um impacto nas pessoas que viviam na cidade e passavam de viagem por ela.

1:9 Eles mesmos anunciam de nós. Estes relatos não eram de missionários, mas de viajantes comuns que estavam dando suas impressões acerca dos cristãos tessalonicenses. Dos ídolos vos convertestes a Deus. A verdade do evangelho expôs a falsidade da idolatria. Uma vez que os judeus evitavam a idolatria, Paulo estava, basicamente, falando a um público de gregos (At 17.4).

1:10 E esperar dos céus a seu Filho. Paulo esperava que a volta do Senhor ocorresse a qualquer momento. A expressão esperar descreve a expectativa ansiosa e cheia de esperança pela volta de nosso Senhor Jesus, que nos livra da ira futura. Esse é um livramento futuro, mas o versículo em questão não deixa claro se Paulo está referindo-se a um momento específico ou à ira de Deus sendo derramada sobre os incrédulos em um sentido mais geral. O ensino geral de 1 Tessalonicenses favoreceria a primeira opção. Uma vez que Cristo suportou a ira de Deus no calvário, todos os que estão em Cristo escaparão de todos os aspectos da ira divina (1 Ts 5.9). Portanto, eles não têm nada a temer.

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