A Filiação dos Crentes na Teologia Paulina

A Filiação dos Crentes na Teologia Paulina
A interpretação precedente de huiothesia que tem como antecedente a tradição relativa a 2 Samuel 7.14 constitui o ponto de partida lógico e necessário para interpretar as referências mais gerais de Paulo à filiação dos crentes, pois a adoção como filhos de Deus oferece o meio de ingresso na filiação divina. Por isso, as passagens paulinas que atribuem adoção aos crentes também os chamam “filho(s)” (masculino no original; cf. Gl. 3.26; 4.6,7; Rm. 8.14,19; 9.26) ou, sem especificar gênero no original grego, “ filhos” [tekna; cf. Rm. 8.16,17,21) de Deus. O texto de 2 Coríntios 6.18, sob a influência de Isaías 43.6, claramente amplia o conceito de adoção e inclui “filhas”. Assim, homens e mulheres são incluídos no conceito paulino de “filiação divina. Em Filipenses 2.14,15, Paulo instrui seus leitores a fazer “todas as coisas sem queixas nem discórdias, para que vos torneis filhos de Deus irrepreensíveis, sinceros e íntegros no meio de uma geração corrupta e perversa”. A referência aqui aos “filhos” de Deus “irrepreensíveis” (amõmd) faz alusão a Deuteronômio 32.5, em que, por haverem pecado, os israelitas são caracterizados como “corrompidos” (mõmêtd) e como “não [...] filhos” no contexto do cântico de Moisés, que prediz a tríade pecado-exílio-restauração. Dessa maneira, Paulo contrasta a situação que conduziu à punição dos israelitas como filhos de Deus com a maneira em que os crentes, como filhos de Deus, agora devem se comportar (cf. 2Co. 6.14 — 7.1; Rm. 8.4,12-14).


FONTE: Dicionário Teológico do Novo Testamento p. 28