Comentário de Miqueias 4:1-13 (J.W Scott)

MIQUEIAS 4, COMENTÁRIO, ESTUDO,
Comentário de Miqueias 4

Levantando os olhos dos sórdidos abusos que se desenrolavam ao seu derredor, o profeta não mais contempla a nuvem de iminente julgamento, mas contempla, à distância, a visão gloriosa dos últimos dias (1-4). Uma visão semelhante é registrada em Is 2.2-5, em palavras similares. Levanta-se a questão se o oráculo se originou com Miqueias ou com Isaías, ou se se tratava de um oráculo independente, usado por ambos os profetas. Miqueias parece dar a visão de modo mais completo, e seu texto se encontra em melhor estado de preservação. Mas parece improvável que Isaías, o mais antigo dos dois, tenha tomado emprestado de seu contemporâneo mais jovem e, se realmente fez esse empréstimo, por que não apresentou uma citação exata? Talvez Deus tenha ensinado a mesma verdade a ambos os homens, mediante uma fonte comum, e a grande importância da passagem é assim declarada por sua dupla confirmação. Em contraste com o castigo que brevemente sobreviria a Sião, por causa dos pecados do povo, temos aqui a ofuscante visão da supremacia da casa de Deus nos últimos tempos. Ela se levanta sobre o "cume dos montes". Para ela convergirão os povos. Rios de povos, que têm suas cabeceiras em lugares distantes, e que vão crescendo em volume cada vez maior, concorrerão a ele (1). Nações se exortarão mutuamente para buscarem a orientação de Deus. Reconhecendo que não podem solucionar sozinhos as disputas, desejam ser ensinadas nos caminhos de Deus e andar neles (2). Portanto, Sião tornar-se-á o centro legislativo da terra inteira, e todas as disputas serão trazidas perante o Deus de Jacó. Nações poderosas, que doutro modo não seriam freadas em suas agressões, aceitarão Sua repreensão; a distância também não diminuirá Sua autoridade. As nações desmantelarão seus armamentos, nos quais anteriormente punham sua confiança e do qual se orgulhavam, e transformarão o metal em instrumentos pacíficos. Não mais declararão os povos guerra uns contra os outros: a energia, habilidade e riquezas, antes devotadas à arte da guerra, então serão dirigidas para finalidades mais construtivas e proveitosas (3). A terra tornar-se-á de tal modo tranquila que cada homem habitará em paz. “A chave guarda o castelo e o arbusto de samambaia a vaca”. Os dias antigos de sentinelas, assaltos e terrores noturnos, tornar-seão coisas do passado, pois não haverá quem os espante (4). As nações serão capazes de desenvolver sua vida de modo imperturbável. Deus dá Sua palavra, que todo homem estará em segurança e paz, e isso ficará assegurado porque a Palavra do Senhor será a lei universal. Tal é a grande visão concedida a ambos os profetas. Nada de impossível existe em seu conteúdo. Já está sendo pouco a pouco apreendido por indivíduos, se não até por nações. Dadas as premissas dos versículos 1 e 2, de que a casa de Deus seja suprema e de que a lei de Deus seja obedecida, deverão seguir-se a tranqüilidade universal e a segurança universal. Infelizmente, a supremacia da casa de Deus e de Sua lei ainda não é matéria reconhecida universalmente. Continuamos no estágio apresentado pelo versículo 5, que pode ser traduzido: "Pois todo povo anda, cada qual, no nome de seu deus, mas nós andaremos no nome de nosso Deus para todo o sempre".

Tendo deixado subentendido, em termos comoventes, a condição miserável do povo exilado de Deus, o profeta agora exibe a maravilhosa promessa de que naquele dia (6) esse povo será reintegrado em um reino sobre o qual o Senhor reinará, no monte Sião, para sempre (7). Então, em dois oráculos mais, ele fala sobre as aflições e as pressões que deveriam sobrevir a Jerusalém antes que venha o reino prometido (8). Na primeira porção (8-l0) Sião é comparada a uma torre do rebanho (8), um daqueles recintos murados, com apriscos ao redor, para ovelhas, que podem ser encontrados nas vastas pastagens da terra santa. Porém, até mesmo esses muros deixarão de servir de proteção, e seus habitantes serão forçados a habitar no campo, e em seguida, na Babilônia (10). Mas ali, igualmente, o Senhor haveria de redimi-los. Esta referência à Babilônia é uma notável predição visto que, quando Miquéias escreveu, a Assíria era o principal poder adversário.

Em 4.11-5.1, Jerusalém é novamente vista como cercada, mas agora a situação se torna adversa para seus opressores, e as nações opositoras são esmigalhadas como o trigo. Não obstante, nesse processo, o próprio líder ou juiz (1) de Israel haveria de sofrer severas indignidades.


Índice do comentário:

Miqueias 1 Miqueias 2 Miqueias 3 Miqueias 4 Miqueias 5 Miqueias 6 Miqueias 7