Comentário de Miqueias 3:1-12 (J.W Scott)

MIQUEIAS 3, COMENTÁRIO, ESTUDO,
Comentário de Miqueias 3

Rei, príncipes, nobres e juízes: a rebrilhante multidão daqueles que ocupavam posições administrativas e judiciais no estado, é agora endereçada (1-4). Não é a vós que pertence saber o direito? (1). A raison d’ètre de tais pessoas era o serviço. Tinham sido investidas naquelas altas posições de autoridade a fim de que servissem ao povo e dispensassem justiça a cada indivíduo. Mas antes, abusavam em seus cargos, furtando o próprio povo a quem supostamente deveriam estar protegendo (2). Desfrutavam de bom alimento de luxo enquanto os outros morriam de fome (3). A descrição é tão vívida que quase se pode perceber as faces encovadas dos pobres e seus ossos salientes. “Atormentados rostos da aldeões piscam entre as palavras” (G. A. Smith). Mas Deus castigaria seus opressores. Ele não livraria seus opressores na hora da necessidade destes (4).

Quanto aos falsos profetas (5-8) que ministravam de modo tão aceitável para os ricos (Mq 2.11) eles fazem errar o meu povo. Não mais ensinavam os mandamentos de Deus. Somente àqueles que os alimentavam bem é que diziam untuosamente, “paz”. Mas Deus os levaria a juízo. Portanto, se vos fará noite (6). Deus lhes daria trevas mentais para que não fossem capazes de perceber os sinais dos tempos. Quando os homens pedissem conselhos àqueles falsos profetas, não receberiam resposta de Deus (7). Esse é o castigo merecido contra a pregação comercializada. A pregação que distorce e suprime a verdade por causa da recompensa chega afinal ao ponto em que é incapaz de discernir a verdade a fim de declará-la. Em contraste, há o autêntico profeta, cujas palavras são poderosas, pois conta com o próprio Espírito do Senhor (8). As declarações do profeta autêntico não são palavras adocicadas, mas traz uma mensagem de julgamento contra a transgressão e o pecado.

No último grande oráculo deste capítulo (9-12), Miqueias reúne tudo quanto havia dito até esse ponto e o lança contra aqueles que vinha denunciando. Os líderes da nação eram desonestos. Estavam tentando edificar uma cidade próspera e uma nação progressista, mas às expensas das vidas dos pobres (10). Os seus chefes... os seus sacerdotes... os seus profetas (11). Os líderes políticos, eclesiásticos e religiosos eram todos corruptos, e todos desejavam apenas uma coisa-dinheiro. Não obstante, com infantil satisfação, imaginavam que Deus não podia estar senão satisfeito com pessoas respeitáveis como eram! Por isso é apresentado o terrível ultimatum: Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa em lugares altos dum bosque (12), isto é, como montões, em um bosque, que assinalam onde jazem os edifícios em ruínas. Não ficamos surpreendidos ao ler, em Jr 26.18, que essa afirmação deixou mui profunda impressão e, em vista de seu real cumprimento, era ainda bem lembrada mais de um século após o tempo de Miqueias. Suas despertadoras palavras não somente conduziriam a uma reforma imediata, mas a citação das mesmas foi um instrumento para a salvação da vida do profeta Jeremias quando ele, por haver dito verdades semelhantes, estava em perigo de ser eliminado, durante o reinado de Jeoaquim. Trata-se de um interessante exemplo da contínua vida e do contínuo poder da Palavra de Deus. É digno de nota que esses três oráculos (versículos 1-4; 5-8 e 9-12) têm uma estrutura regular. Primeiramente, o profeta se dirige ao povo; em segundo lugar, é estabelecida a maldade que cometem; em terceiro lugar, é predito o julgamento que sobrevirá.


Índice do comentário:

Miqueias 1 Miqueias 2 Miqueias 3 Miqueias 4 Miqueias 5 Miqueias 6 Miqueias 7